quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O valor das igrejas locais



a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre.
SALMO 93;5
“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar”. (Atos 2.46-47)
“Contudo, uma vez que agora nosso propósito é discorrer acerca da Igreja visível, aprendamos, mesmo do mero título mãe, quão útil, ainda mais, quão necessário nos é seu conhecimento, quando não outro nos é o ingresso à vida, a não ser que ela nos conceba no ventre, a não ser que nos dê à luz, a não ser que nos nutra em seus seios, enfim, sob sua guarda e governo nos retenha, até que, despojados da carne mortal, haveremos de ser semelhantes aos anjos (Mt 22.30). Porque nossa habilidade não permite que sejamos despedidos da escola até que tenhamos passado toda nossa vida como discípulos. Anotemos também que fora de seu grêmio não há de esperar-se nenhuma remissão de pecados, nem qualquer salvação”. (João Calvino, Institutas da Religião Cristã, 4:1:5)
Um movimento que cresce cada vez mais em nosso país é o dos “cristãos desigrejados”. São pessoas que professam o Cristianismo, mas que, por diversos motivos, abandonaram a Igreja. Muitos são os argumentos utilizados para justificar o abandono. O objetivo deste artigo é analisar uma destas justificativas: a ideia de que a Igreja de Jesus Cristo não é visível e institucional, mas que cada cristão faz parte da Igreja, ainda que ele se recuse a frequentar qualquer culto ou se submeter a qualquer autoridade eclesiástica.
Um erro frequente entre cristãos modernos é o menosprezo e ignorância em relação ao que a Bíblia ensina sobre a Igreja visível e institucional. É uma heresia que se manifesta de muitas maneiras, mas, basicamente, se resume a ideia de que não temos a obrigação de frequentar e ser membro de uma igreja, pois, supostamente, cada cristão já “é igreja” onde quer que estejam e qualquer aglomeração de cristãos também “é igreja” e, consequentemente, basta se encontrar ocasionalmente com outros “desigrejados” para bater um papo sobre Deus que as obrigações bíblicas relacionadas à “comunhão dos santos” já terão sido cumpridas.
Na segunda vez em que a palavra “igreja” aparece no Novo Testamento, já podemos constatar o absurdo de dizer que cada cristão individualmente “é igreja” ou que qualquer aglomeração de cristãos seja uma igreja:
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutara igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. (Mateus 18.15-18)
Aqui Nosso Senhor explicou como deve ser o procedimento por parte daqueles que foram seriamente ofendidas por alguém que, presume-se, é cristão. Inicialmente, o ofendido não deve expor o ofensor. Deve procurar resolver o problema a sós com o ofensor. O segundo passo, caso o ofensor não se arrependa do que fez, é chamar duas ou três testemunhas para buscar resolver o problema. Novamente, o ofensor não foi exposto publicamente. A diferença é que agora há a presença de duas ou três outras pessoas. É somente depois destes dois passos que o problema é finalmente levado a Igreja.
É aqui que devemos notar algo crucial. Todo o processo descrito por Jesus incluiria somente cristãos. A parte ofendida e as duas ou três testemunhas são cristãs e, segundo Jesus, deve-se presumir que o ofensor também seja até que todas as tentativas de conduzi-lo ao arrependimento tenham se esgotado. Mas, ainda assim, é somente no terceiro passo que Jesus falou na igreja. Ainda que Jesus tenha falado de cristãos o tempo inteiro, ele não reconheceu cada um desses cristãos como sendo igreja. A parte ofendida era um cristão. Mas, ele não era a igreja. As duas ou três testemunhas também eram cristãs. Todavia, eles também não eram a igreja. Jesus diz que eles deveriam falar a igreja. Isso demonstra que é a falsa a ideia de que cada cristão individualmente seja igreja ou que qualquer aglomeração de cristãos seja igreja. Se cada cristão individualmente fosse a igreja, então o problema já estaria sendo tratado pela igreja desde o momento em que o indivíduo que foi conversar com seu ofensor. Se qualquer aglomeração de cristãos fosse uma igreja, então o problema já estaria sendo tratado pela igreja desde o momento em que as duas ou três testemunhas foram acompanhar o indivíduo que foi ofendido. O indivíduo ofendido junto de duas ou três testemunhas somam três ou quatro cristãos. Eles eram uma igreja? Não. Pois, caso o ofensor não os escutasse, só então é que o problema seria levado à igreja. Isso mostra que a Igreja não é simplesmente as pessoas. A Igreja inclui as pessoas, mas não é simplesmente isso. A Igreja é maior do que as pessoas. A Igreja é uma instituição.
Para perceber como a visão do desigrejados sobre a “igreja” é falsa, basta se fazer a seguinte pergunta: “Como um desigrejado poderia obedecer a Mateus 18? Como seria possível cumprir o terceiro passo da ordem de Jesus?”
O Governo Eclesiástico
A Igreja de Cristo não é uma anarquia. Ela tem um governo. Acima de tudo, há o governo de Cristo, pois Deus “sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da Igreja” (Ef 1.22). E, abaixo de Cristo, Deus instituiu também um governo humano para Sua Igreja:
“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, [Paulo e Barnabé] voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus. E, havendo-lhes feito eleger presbíteros em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido”. (Atos 14.21-23)
Aqui nós aprendemos que os apóstolos, neste caso Paulo e Barnabé (At 14.14), depois de estabelecerem novas igrejas em novos lugares, promoviam uma eleição em cada igreja para que homens fossem ordenados a presbíteros. Antes da eleição, eles eram membros comuns das igrejas. Depois da eleição, recebiam a autoridade para governar a Igreja. A palavra presbítero é πρεσβύτερος (presbuteros) no grego bíblico. A palavra também pode ser traduzida comoancião. Em outros textos, aprendemos também que o ofício do presbítero(πρεσβύτερος – presbuteros) era equivalente ao ofício do bispo (ἐπίσκοπος – episkopos) e ao de pastor (ποιμήν – poimēn). As três palavras eram usadas como sinônimas:
“E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os presbíteros (πρεσβύτερος – presbuteros) da igreja… Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho (ποίμνιον – poimnion) sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos (ἐπίσκοπος – episkopos), para apascentardes (ποιμαίνω – poimainōa) igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si”. (Atos 20.17,28-30)
Aqui o Apóstolo Paulo falou às autoridades eclesiásticas de Efésios sobre como os presbíteros/bispos/pastores foram instituídos por Deus para governar Sua Igreja, o que inclui a necessidade de protegê-la de falsos mestres. Ele escreveu essencialmente o mesmo nas cartas a Tito e Timóteo:
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros (πρεσβύτερος – presbuteros), como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo (ἐπίσκοπος – episkopos) seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes”. (Tito 1.5-9)
“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado (ἐπισκοπή – episkopē), excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo (ἐπίσκοπος – episkopos) seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo”. (I Timóteo 3.1-7)
Aqui nós vemos o Apóstolo Paulo estabelecendo os critérios para que alguém fosse presbítero/bispo/pastor. Primeiro, ele menciona características morais. O presbítero/bispo/pastor deve ser um cristão moralmente “irrepreensível” (Tt 1.7; I Tm 3.2). Caso o candidato seja demasiadamente dominado por fraquezas, ele não é não é apto para se tornar “despenseiro da casa de Deus” (Tt 1.7). Além disso, Paulo compara a função que o presbítero/bispo/pastor exerce na igreja com a função que o pai de família exerce em casa: “que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito. pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?”. (I Tm 3.4-5) Assim como o pai tem a responsabilidade de governar sua esposa (Ef 5.24; I Co 11.3) e filhos (Ef 6.1; Cl 3.20), o presbítero/bispo/pastor tem a responsabilidade de governar a igreja de Deus.
Desigrejados que negam que a Igreja tenha um governo humano e autoridades humanas terão negar também a autoridade do pai de família, algo que foi explicitamente ordenado no quinto mandamento – “Honra a teu pai e a tua mãe” (Ex 20.12). Paulo deixou claro que a autoridade do presbítero/bispo/pastor sobre a igreja não é edificada sobre qualquer preferência ou consenso humano, mas é expressamente ordenada por Deus. Ele explicitamente comparou a autoridade do presbítero/bispo/pastor sobre a igreja com a autoridade do pai sobre sua própria família de maneira que não é possível negar uma coisa sem negar outra. Os membros da igreja não têm a mesma autoridade. “Os presbíteros… governam” (I Tm 5.7). Os outros membros da igreja não governam, mas são governados. É assim que Jesus Cristo estabeleceu Sua Igreja para ser. Como está escrito:
“Os presbíteros que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino”. (I Timóteo 5.17)
“Ora, rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós,presidem sobre vós no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obras”. (I Tessalonicenses 5.12-13)
Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”. (Hebreus 13.17)
Não Preciso de Ti!
Se Deus estabeleceu alguns na Igreja para governarem e outros para serem governados, segue-se que se alguém não governa um rebanho, ele necessariamente tem que estar submetida à autoridade daqueles que governam. Se alguém não governo, isto é, se não é presbítero/pastor/bispo, mas também, por consentimento próprio, não é governado, tal pessoa está excluída da Igreja de Deus, do corpo de Cristo e, consequentemente, deve ser, a priori, reconhecida como “gentio e publicano” (Mt 18.17). Não há alternativa lógica. A Igreja de Cristo não é uma anarquia onde “cada um [faz] o que [parece] bem aos seus olhos”. (Jz 17.6) Cristo estabeleceu Sua Igreja com um governo. Aqueles que não se submetem ao governo, não fazem parte da Igreja. Este é um dos grandes pecados dos desigrejados. Eles não se submetem as autoridades constituídas por Deus. Eles acreditam que não precisam das autoridades.
“Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito… E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós”. (I Coríntios 12.13, 21)
Aqui o Apóstolo Paulo deixou claro que aqueles que se tornam cristãos são batizados pelo Espírito no corpo. Isto é, são incluídos na Igreja. Não existe Cristianismo sem Igreja. O cristão, quando se torna cristão, é incluído na Igreja de maneira que se ele se aparta da Igreja, ele está se rebelando contra a obra do Espírito. Com base nisso, o Apóstolo explica que os cristãos, como membros da Igreja, têm dons e vocações diferentes. Mas, ainda que sejam dons e vocações diferentes, o Deus que chama é o mesmo e a Igreja é a mesma. O fato de um cristão ser chamado exercer um dom para uma coisa não significa que ele possa desprezar aqueles que não foram chamados com a mesma vocação. “E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?” (I Co 12.19) Dentre os diversos dons que o Apóstolo cita, ele menciona os “governos” (I Co 12.28). Aqueles que foram chamados para governar são parte do corpo. “E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti”.Aqueles que são governados não podem dizer aos que governam: Não preciso de ti! Deus estabeleceu alguns na Igreja para governarem e outros para serem governados. Aqueles que não se submetem aos que governam – presbíteros/bispos/pastores – pecam severamente contra Deus em sua“independência”. Deus não estabeleceu a Igreja para que cada cristão fosse independente. Ele estabeleceu a Igreja para ser governada por presbíteros/bispos/pastores. A Igreja não é cada cristão individualmente em sua própria casa onde “cada um [faz] o que [parece] bem aos seus olhos” (Jz 17.6). A Igreja é uma instituição com um governo legitimamente instituído por Deus. O Apóstolo Pedro não mediu palavras contra aqueles que se recusam a se submeter às autoridades:
“O Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados; especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade. Atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidades”. (II Pedro 2.9-10)
A carta de Judas chega ao ponto de chamar aqueles que ensinam a rejeitar as autoridades de falsos mestres:
“Contudo, semelhantemente também estes falsos mestres, sonhando, contaminam a sua carne, rejeitam toda autoridade e blasfemam das dignidades”. (Judas 1:8)
O Culto Público
“As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja”. (I Coríntios 14.34-35)
Aqui, novamente, podemos constatar o absurdo de dizer que cada cristão individualmente é a igreja em qualquer lugar ou que qualquer aglomeração de cristãos seja uma igreja. Se cada cristão individualmente fosse igreja ou se qualquer aglomeração de cristãos fosse uma igreja, segue-se que, neste verso,Paulo estaria proibindo as mulheres de falarem em qualquer circunstancia e em qualquer lugar. Evidentemente, não é sobre isso que Paulo estava falando. A palavra igreja nestes versos, evidentemente, se refere especificamente à reunião publica especial. O que Paulo disse é que as mulheres não podem ensinar e pregar no culto público. Elas podem falar em qualquer outro lugar e situação, como, por exemplo, em suas casas, simplesmente porque neste caso elas não estão na reunião pública da igreja.
Desigrejados e outros hereges anarquistas têm dificuldades de entender isso porque eles não aceitam qualquer diferença entre o que acontece na igreja e o que acontece fora da igreja. Eles acreditam na mentira de que cada um de nós“é igreja em todo lugar” e, portanto, que não acreditam que há um momento especial para uma reunião pública especial com regras especiais que não vigoram em outros momentos. Diferente deles, o Apóstolo Paulo cria que em situações normais, as mulheres poderiam falar, mas que o culto público é uma ocasião especial com regras especiais, dentre as quais existe a seguinte regra: “as vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas”. Com isso, Paulo claramente demonstra que as igrejas devem promover cultos públicos, que os cristãos tem a obrigação de frequentá-los, que essas reuniões são distintas de situações comuns do dia a dia (já que nelas vigoram regras diferentes de situações normais) e que estas reuniões devem ser reguladas pela vontade revelada de Deus e não pelo desejo do homem (I Co 14.36). Com isso, vemos claramente que não é possível “sermos igreja” cada um em sua própria casa. Deus estabeleceu que sua Igreja de forma que cada cristão tem a obrigação de frequentar reuniões públicas especiais promovidas pelas autoridades da Igreja com o propósito de cultuar ao Senhor. Na carta aos Coríntios lemos que um dos propósitos destas reuniões era o de celebrar o sacramento da Ceia do Senhor:
Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão… Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Mas, se alguém tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação”. (I Co 10.16-17; 11.23-34)
Aqui o Apóstolo Paulo escreveu sobre o rito da Ceia do Senhor. Ele diferenciou as refeições comuns, que comemos em casa, da Ceia do Senhor. Assim como a reunião da igreja não é uma reunião comum, mas é uma reunião especial na qual vigoram regras especiais, a Ceia do Senhor não é uma refeição comum, mas é uma refeição especial e, portanto, vigoram regras especiais. O cálice, diz ele, é o “cálice da benção”, “a comunhão do sangue de Cristo” e o pão é “a comunhão do corpo de Cristo”. Diferente de nossas refeições comuns, o propósito da Ceia do Senhor não é matar nossa fome. “Se alguém tiver fome, coma em casa” (I Co 11.34). O propósito da Ceia do Senhor é se alimentar espiritualmente.
Além disso, devemos notar que se a Ceia do Senhor é “a comunhão do corpo de Cristo”, segue-se que este rito somente pode ser celebrado sob a autoridade da Igreja. Não é uma celebração do mundo, mas daqueles que “sendo muitos, [são] um só pão e um só corpo” (I Co 10.17). Isso, por si só, explica porque desigrejados não podem celebrar a Ceia do Senhor. Eles não fazem parte do corpo porque se recusam a se submeter às autoridades do corpo e, portanto, não podem comer do pão e beber do vinho. “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão”. Aqueles que não fazem parte do corpo, por não se submeterem às suas autoridades, não podem se alimentar do corpo e do sangue do Senhor.
Quanto aos que participam da Ceia do Senhor, o Apóstolo Paulo ameaçou “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor” (I Co 11.29). Em seguida, ele explica que muitos daqueles que Deus pune com doenças e até mesmo com morte alguns dos que participam indignamente: “Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (I Co 11.30-31). Se a questão é tão séria assim para aqueles que de fato participam de algo que foi ordenado por Deus, o que se dirá então daqueles que se dizem cristãos, mas pensam ser autossuficientes e por isso não frequentam os cultos da igreja, não se submete as autoridades e não tomam a Ceia do Senhor? Como Deus vê a arrogância daqueles que pensam que podem ser independentes das ordenanças que Deus estabeleceu para Sua Igreja?
O Mito da Igreja Primitiva
Muitos desigrejados se defendem argumentando que o problema é que a igreja hoje, diferente da igreja primitiva, é muito corrompida; que eles não teriam problema em fazer parte das igrejas do Novo Testamento, mas que os tempos agora são outros. É o mito da Igreja Primitiva. O fato é que o Novo Testamento não esconde a quantidade de problemas que assolava a Igreja Primitiva. Na Igreja Primitiva havia quem matinha relações sexuais com a própria madrasta (I Co 5), quem promovia bebedeiras na Ceia do Senhor (I Co 11.23), cultos desorganizados (I Co 14) incluindo mulheres que queriam pregar e exercer autoridade na Igreja (I Co 14.34-35), quem não cria na ressurreição dos mortos (I Co 15), quem defendia a idolatria e a participação em cultos pagãos (I Co 10, Ap 2.14, 2.20-21), quem queria reinstituir a necessidade das cerimonias judaicas (Cl 2), quem defendia que a circuncisão era um critério para a salvação (At 15, Gálatas), quem defendia a justificação com base nos méritos de cumprir a Lei (Gálatas), quem defendia o racismo (Gl 2.11-12) quem pregava com segundas intenções e interesses desonestos (Fp 1.15, II Ti 6.5), quem prestava culto a anjos (Cl 2.18), quem queria favorecer os ricos e desprezar os pobres na igreja (Tg 2.1-5), quem se apresentava como cristão mas na verdade era um anticristo (I João 2.18-19) e muitas outras coisas.
O fato é que, mesmo em meio a todos esses problemas, os apóstolos nunca justificaram o desigrejados. O Novo Testamento nem sequer cogita a possibilidade de um cristão genuíno ser um desigrejado. Nas páginas do Novo Testamento, ser cristão inclui ser membro da Igreja e não ser membro da Igreja significa ser pagão. O Novo Testamento desconhece a noção de Cristianismo sem Igreja e invariavelmente trata aqueles que não fazem parte da Igreja ou que abandonam a Igreja como rebeldes contra o Senhor. E isso em nenhum momento se baseia em um conceito utópico de Igreja. A Igreja era o corpo de Cristo. Mas, ao mesmo tempo, havia igrejas em diversos níveis espirituais diferentes. Havia igrejas maravilhosas, mas havia também igrejas afundadas no pecado. A Igreja era a congregação dos santos, mas era também um lugar em que havia facções, brigas e falsos mestres. O mesmo é verdade hoje. Há igrejas maravilhosas e há igrejas extremamente problemáticas. A reação dos apóstolos diante das problemáticas nunca foi a de abandonar tudo o que foi a de anular a verdade que a Igreja visível e institucional foi estabelecida por Jesus Cristo. A reação dos apóstolos era a de lutar pela purificação e santificação da Igreja, por meio da oração, do jejum e do ensino da Palavra. É exatamente isso o que os desigrejados não querem. Preferem acreditar que isso não fazia parte do Cristianismo Primitivo e, portanto, que estão muito acima de tudo isso. Isso é quando sequer dão justificativas. Na maioria dos casos nem se importam em se justificar.
Resumo
I – A Igreja visível e institucional foi estabelecida por Deus.
II – Ela é governada por autoridades humanas.
III – Ela promove reuniões públicas para cultuar a Deus, pregar Sua Palavra e celebrar os sacramentos.
IV – Todo cristão tem a obrigação de fazer parte da Igreja, se submetendo às suas autoridades e participando das reuniões publicas.
V – O Novo Testamento não reconhece a validade de um Cristianismo fora da Igreja visível e institucional.
Confissão Belga, um dos mais importantes documentos do protestantismo, resumiu bem a questão no Artigo 28, “O Dever de Juntar-se à Igreja“:“Cremos, então, que ninguém, qualquer que seja a posição ou qualidade, deve viver afastado dela e contentar-se com sua própria pessoa. Mas cada um deve se juntar e se reunir a ela, mantendo a unidade da Igreja, submetendo-se a sua instrução e disciplina, curvando-se diante do jugo de Jesus Cristo e servindo para a edificação dos irmãos, conforme os dons que Deus concedeu a todos, como membros do mesmo corpo… todos os que se separam desta Igreja ou não se juntam a ela, contrariam a ordem de Deus”.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Dízimo um ato de obediência a palavra de DEUS




É verdade que Cristo é “o fim da lei para a justificação de todo aquele que crê” (Rm.10:4). Isso poucos discutem, pois a Escritura é nítida em afirmar que “não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm.6:14), que “se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl.5:18), porque Cristo “envelheceu a primeira aliança” (Hb.8:8), e “o que foi tornado velho está perto de se acabar” (Hb.8:8). Jesus Cristo, ao morrer na cruz, “aboliu em sua carne a lei dos mandamentos expressa na forma de ordenanças” (Ef.2:14,15), para que sejamos “ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2Co.3:6).

Porém, se de um lado a lei foi cumprida em Cristo, por outro lado é evidente que existem coisas da antiga aliança que passaram também para a nova aliança, sem serem abolidas. Se não fosse assim, jamais poderíamos ter um só Deus, amá-lo acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, não cobiçarmos a mulher do próximo, não adulterarmos, não roubarmos, não fazermos imagens de escultura, sermos santos como Ele é santo... pois todas essas coisas estavam na lei, e nem por isso deixamos de considerar princípios verdadeiros e legítimos, vigentes até os nossos dias.

Então, a questão que fica é: O dízimo “morreu” na antiga aliança, ou passou também para a nova? Sabemos que alguns “princípios fracos e elementares” (Gl.4:9) morreram, tais como as regras relativas a “comer e beber, ou os dias de festa, ou lua nova, ou sábados, que eram sombras de coisas futuras, mas a realidade é Cristo” (Cl.2:16,17). Mas certos princípios permaneceram também para a nova aliança. O Senhor Jesus descreveu alguns destes princípios em Mateus 23:23, que analisaremos a seguir.


PRINCÍPIOS QUE PERMANECEM NA NOVA ALIANÇA

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas” (Mateus 23:23)

Note que Jesus aqui lista para os fariseus alguns destes princípios que permanecem com Cristo na nova aliança. Ele cita a justiça, a misericórdia e a fé como três destes princípios. Porém, note uma coisa muito importante que ele afirma na sequencia: “...estas coisas devíeis fazer, sem omitir aquelas” (v.23). Sem omitir aquelas! Qual era essas coisas que eles não deveriam omitir? O começo do verso afirma claramente sobre isso: o dízimo.

Em outras palavras, Jesus estava dizendo que os fariseus deveriam praticar os maiores princípios que permaneceriam na nova aliança (como a justiça, a misericórdia e a fé), mas não omitir os outros princípios menores (como o dízimo). É evidente que Jesus está colocando a justiça, misericórdia e fé acima do dízimo, mas ele também diz que não podemos omitir o dízimo, assim como não devemos omitir aqueles outros três preceitos.

Você poderia argumentar: “Mas eu pratico os preceitos maiores – a justiça, a misericórdia e a fé – e deixo de praticar os menores – como o dízimo. Já que eu pratico os maiores e deixo os menores de lado, então eu acho que estou bem assim”! Não, infelizmente não está. Isso porque o Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou que não devemos apenas ser fieis no muito, mas também no pouco:

“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito” (Lucas 16:10)

Isso significa que se você é infiel no princípio menor que Cristo abordou em Mateus 23:23 (o dízimo), você não vai conseguir ser fiel nos princípios maiores (a justiça, a misericórdia e o amor). Afinal, se nem sequer no pouco (princípios menores na nova aliança) você é fiel, como irá ser no muito (i.e, nos preceitos mais importantes)? Não tem jeito. Jesus diz que se você é infiel ou desonesto no pouco, será infiel e desonesto no muito também.

Ele prova a nossa fé com uma quantia tão pequena como é o dízimo (10%), pois se não formos capaz nem sequer de darmos 10% de nossas finanças para Deus, como seremos capaz de rendermos 100% em nossa justiça, misericórdia e fé nEle?

Alguém poderia argumentar também: “Calma aí, Lucas. Você está vendo que Jesus estava falando com os fariseus neste versículo. Então essa passagem não se aplica a mim e a você”! Infelizmente existem pessoas que chegam ao cúmulo de argumentarem desta maneira! O problema em tal raciocínio é simplesmente que, se fosse assim, deveríamos corrigir (mutilar) a Bíblia inteira, pois este jamais foi um critério de exegese aplicável.

Por exemplo, os maiores ensinamentos registrados na Bíblia se encontram no Sermão do Monte que Cristo pregou, em Mateus 5-7. Porém, se analisarmos cuidadosamente, veremos que ele estava dizendo a uma multidão de judeus. Quer dizer, então, que o Sermão do Monte só valia para os judeus do século I, mas não vale para gentios (como eu e você) do século atual? É claro que não. A verdade é que o princípio que se aplicava a eles é aplicável a nós também. Jesus não estava pregando uma pegadinha nos fariseus, mas ensinamendo algo válido também a todos nós.

Pense no que essa intepretação acarretaria de “bom” para a doutrina cristã. Usando a mesma lógica de que Jesus falou aos fariseus então só eles devem dar o dízimo, nós deveríamos presumir também que o que Paulo escreveu aos Coríntios só vale para os coríntios, que o que Paulo escreveu aos Gálatas só vale aos Gálatas, que o que Paulo escreveu aos Romanos só vale aos romanos, que o autor de Hebreus não tinha nenhum apreço por aqueles que não eram hebreus e que pelo fato de Pedro ter escrito “aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia” (1Pe.1:1), significa então que se eu não sou destas províncias da Ásia, a mensagem não se aplica para mim!

Perceberam no que essa interpretação nos levaria a crer? Isso mesmo, que nada (absolutamente nada mesmo) valeria para os dias de hoje! É óbvio que isso não é um exemplo e exegese, mas sim de uma interpretação completamente tendenciosa, a tal ponto que eles não aplicam este mesmo critério nas outras ocasiões, mas apenas naquela específica do dízimo, só porque eles não querem dar o dízimo!

Aqueles que insistem que o dízimo “ficou no passado” à luz de Mt.23:23, terão por uma questão de coerência que dizer que a justiça, a misericórdia e a fé também “ficaram no passado”, já que elas são mencionadas exatamente no mesmo contexto para também não serem omitidas! À luz de tudo isso, fica claro que Jesus não estava querendo dizer que não é necessário, mas sim que ele “não deve ser omitido” (Mt.23:23; Lc.11:42).


A TIPOLOGIA ENTRE JESUS E MELQUISEDEQUE

Vale ressaltar que esta não foi a única situação em que vemos o dízimo presente no contexto da nova aliança. O autor de Hebreus traçou uma clara analogia entre o dízimo na antiga aliança e o dízimo na nova aliança, mostrando que o que os israelitas antes davam aos levitas, nós devemos dar a Cristo:

Hebreus 7
1 Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou;
2 e Abraão lhe deu o dízimo de tudo. Em primeiro lugar, seu nome significa "rei de justiça"; depois, "rei de Salém" quer dizer "rei de paz".
3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.
4 Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos!
5 A lei requer dos sacerdotes dentre os descendentes de Levi que recebam o dízimo do povo, isto é, dos seus irmãos, embora estes sejam descendentes de Abraão.
6 Este homem, porém, que não pertencia à linhagem de Levi, recebeu os dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas.
7 Sem dúvida alguma, o inferior é abençoado pelo superior.
8 No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive.
9 Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão,
10 pois, quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda estava no corpo do seu antepassado.
11 Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (pois em sua vigência o povo recebeu a lei), por que haveria ainda necessidade de se levantar outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão?
12 Pois quando há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei.

Vamos analisar o contexto desta passagem mais cuidadosamente. Em primeiro lugar, o escritor de Hebreus faz uma analogia (uma tipologia) entre Cristo e Melquisedeque, que era “semelhante ao Filho de Deus... permanece sacerdote para sempre” (v.3). Então, ele afirma que Abraão lhe deu o dízimo (v.4), antes mesmo que os levitas recebessem o dízimo de acordo com a lei (vs.5,6). Então, ele afirma:

“No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive” (v.8)

Em outras palavras, no primeiro caso [na antiga aliança] quem recebia o dízimo eram homens mortais [os levitas], e hoje quem recebe os dízimos é aquele de quem se declara que vive [Jesus Cristo]. Jesus não recebe os dízimos através do sacerdócio levítico, mas através do sacerdócio de Melquisedeque. O autor explica que houve uma “mudança de sacerdócio” (v.12). O dízimo que antes era dado aos levitas, hoje damos a Cristo (v.8). Como é que isso acontece? Como é que Cristo pode receber hoje os nossos dízimos?

Ora, através de seu Corpo, que é a Igreja. A Igreja é o “Corpo de Cristo” (1Co.12:27) na terra. Nós herdamos o nosso nome – “cristãos” – de Cristo. Somos os “embaixadores de Cristo” (2Co.5:20) na terra e, assim como o antigo templo de Jerusalém precisava de mantimento, os templos atuais também necessitam dos dízimos, “para que haja mantimento na minha casa, diz o Senhor dos exércitos” (Ml.3:10).

Cristo recebe os dízimos através da Sua Igreja, que é o Seu Corpo. Da mesma forma que os israelitas contribuíam com pelo menos 10% de sua renda para o mantimento da casa de Deus, devemos contribuir com pelo menos 10% de nossa renda para que a Igreja avance, cresça, multiplique-se e se estabeleça sobre a terra.

À luz do que vimos acima (lembre-se de que eu fiz questão de abordar apenas passagens do NT, para não deixar margens àqueles que dizem que o NT não apoia o dízimo) fica muito claro que Jesus, cujo sacerdócio é permanente, deve receber os dízimos através da Sua Igreja. Ele afirmou aos fariseus (e o ensino vale também a nós) que o dízimo não pode ser omitido.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Nosso tesouro esta no céu


Em relação ao jogo, por obedecer à Palavra de Deus, o cristão tem uma conduta ou comportamento coerentes à sua fidelidade a Deus.
A – Reprovação e abstinência
O jogo não faz parte da conduta cristã, pois o servo de Deus possui conhecimento que o capacita a agir dentro da coerência cristã, apegando-se ao que é nobre e se abstendo do pernicioso e reprovável, (I Ts. 5:21).
Eis o alvo divino para o cristão: ter pleno co­nhecimento e toda a percepção, aprovando as coisas excelentes, sendo sincero e inculpável para com Je­sus, (Fp. 1:9-10), não sendo cúmplice nas obras in­frutíferas das trevas, antes porém reprovando-as, (Ef. 5:11), abstendo-se de toda forma de mal, (ITs. 5:22).
Sendo assim, o cristão com conhecimento e percepção dados por Deus, avalia o jogo na sua es­sência, entendendo que nele não há nada de excelente e decide reprová-lo; não o pratica nem se torna cúm­plice em nenhum envolvimento com ele, estando ci­ente de que o jogo é um mal e, uma vez que quer ser sincero e inculpável perante Jesus se abstêm de tudo o que Lhe desagrada.
É com essa coerência cristã que o servo de Deus vive: obedece e agrada ao Senhor na obediência aos mandamentos divinos, e reprova e se abstêm do mal que Ele abomina.
B – Trabalho nobre
O cristão não aposta, não se envolve com o jogo, não espera ociosamente pela sorte; pelo contra­rio, sua vida é de esforço para obter sua subsistência, trabalhando dignamente, obedecendo o ensino divino a esse respeito: Deus nos ordena trabalhar seis dias da semana cumprindo cabalmente nossas tarefas, (Ex. 20:9). Desde o começo foi assim, pois a Adão esta­vam confiados o preparo e o cultivo da terra, (Gn. 2:5,15) e isso antes da queda, pois o trabalho não é castigo e sim ordenança divina. E a todos nós se apli­ca a Palavra de Deus a Adão, de que devemos obter o nosso pão com suor, esforço, (Gn. 3:19).
Deus quer que vivamos com dignidade, traba­lhando com as próprias mãos, cuidando do que é nos­so, de forma a estarmos supridos, (I Ts. 4:11-12); que do fruto do nosso trabalho digno tenhamos con­dições até de acudir ao necessitado, (Ef. 4:28). A or­dem do Senhor nesse aspecto é tão séria, exigindo de cada um a responsabilidade pelo seu sustento oriun­do do trabalho, que declara que se alguém recusa tra­balhar que então fique sem o próprio alimento, (II Ts. 3:10), isto é: Deus requer de cada um o exercício do trabalho e que viva do fruto dele.
Infelizmente muitos vivem na ociosidade, sem­pre achando impróprio ou impossível fazer alguma coisa – esses nada realizam e nada têm, (Ec. 11:4); (Pv. 6:9-11); pois “a sonolência/inatividade, vesti­rá de trapos o homem ” (Pv. 23:21).
Contudo, os que temem ao Senhor são bem aventurados, do trabalho de suas mãos têm seu sus­tento, sendo felizes, realizados, (Sl. 128:1-2); (Ec. 5:18); tendo sono sereno e agradável, (Ec. 5:12), e até enquanto dormem, o Senhor lhes providencia o sustento, (Sl. 127:2b), pois Deus confirma a obra das mãos dos que O acatam, (Sl. 90:17), realidade essa reconhecida até pelo Diabo, pois declarou isso a Deus em relação à bênção divina sobre a obra das mãos de Jó, (Jó 1:10).
Os amantes do jogo não são assim, antes pre­ferem esperar pela sorte, desobedecendo a Deus no que diz respeito ao trabalho. O cristão confia no Se­nhor, obedecendo o que Ele ordena sobre a dignidade do trabalho, desempenhando funções desde as mais simples até as mais especializadas, mas todas dentro da dignidade cristã. Enquanto os amantes do jogo apostam e esperam pela sorte, o cristão crê e espera no Senhor, trabalhando dignamente. “O que lavra a sua terra será farto de pão, mas o que corre atrás de coisas vãs é falto de senso. ” (Pv. 12:11)
C – Vida modesta
Outra razão pela qual o cristão não aposta na “Sorte Grande” “é porque vive satisfeito com o que Deus lhe concede pelos meios da honra e honestida­de, sabendo que “a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui, ” sendo pre­cavido contra “toda e qualquer avareza ” (conforme determinou Jesus, (Lc. 12:15).
A avareza/cobiça não convém ao cristão, (Ef. 5:3); se torna uma idolatria, (Cl. 3:5); pois muitos colocam seu coração nos bens materiais, fazendo de­les o seu tesouro, (Mt 6:21).
A riqueza não traz estabilidade e não se deve depositar confiança nela, (I Tm. 6:17-19) e os que só se empenham pelo dinheiro não podem servir a Deus e sofrem muitos males: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruina e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se ator­mentaram com muitas dores. ” (I Tm 6:9-10).
E essas dores e males são diversos: a começar, “…a fartura do rico não o deixa dormir, ” (Ec.5:12).
“Quem confia nas riquezas cairá”; “…o que se apressa a enriquecer não passará sem castigo “;“aquele que tem olhos invejosos corre atrás das ri­quezas, mas não sabe que há de vir sobre ele a pe­núria”;(Pv.11:28; 28:20,22).
E por fim a tragédia maior que é o perigo de se desviar ao Senhor Deus, não estar no seu reino, (Ef.5:5). Por essa razão os piedosos sempre são pre­cavidos no trato com os bens materiais, (Sl. 62:10b; Jó31:24,25,28ePv. 30: 8-9).
Ao cristão convém a modéstia: vida sem ava­reza contentando-se com o que tem, pois Deus cuida dos seus, (Hb. 13:5). “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada te­mos trazido para o mundo, nem coisa alguma pode­mos levar dele; tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. ” (I Tm. 6. 6-8).
Essa é a experiência do cristão: está feliz , re­alizado no Senhor, usufruindo do que Deus lhe dá, sem lançar mão do jogo que promete grandes prêmios. Na modéstia cristã o servo de Deus está plenamente su­prido. Apostar na sorte e desejar uma grande premiação é conduta dos que estão insatisfeitos, sem realização verdadeira, e que pensam que a vida con­siste na abundância de bens. O aparentemente pouco do cristão modesto é o tudo que lhe realiza, pois é o que Deus lhe concedeu no caminho da dignidade.
D – Empenho pela realidade celestial
Ainda outra razão tem o cristão para despre­zar o jogo: está empenhado com as realidades celesti­ais.
Essas realidades celestiais estão reservadas pelo Senhor para todos os seus, e obviamente o cristão se empenha por elas, para já desfrutar aspectos delas aqui na terra e aguardar pela vivência plena das mes­mas na eternidade. Esse zelo leva o cristão a não de­sejar o muito na vida terrena, pois receia que esse muito o desvie do Senhor, (Pv. 30:8-9) pois está avi­sado de que o empenho pela riqueza terrena conduz à ruinas irreparáveis (I Tm. 6:9-10).
Ora, levando-se em conta que tudo o que exis­te no mundo físico é passageiro e está destinado à destruição no último dia, (II Pe. 3:7,10-12) – para que se preocupar apenas com as coisas terrenas, (Fp.3:19b)?
O Senhor nos ordena a pensar e a nos empe­nharmos pelas realidades celestiais (Cl. 3:2-4; Mt. 6:19-21), “pois a nossa Pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo;” “Nós porém, segundo a sua promessa es­peramos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (Fp. 3:20; II Pe. 3: 13.) Nessa perspectiva cristã o servo de Deus vive fascinado com a realidade celestial.
O jogo com seus prometidos prêmios em nada combina com essa visão cristã, antes perturba e até impede essa sublime experiência, pois leva o apostador a se empenhar e fixar tanto nas coisas terrenas que se esquece da realidade Celestial.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

JESUS OU "YAHOSHUAH"



Nomes próprios não se traduzem?

Essa "tradução" é questionada, com o argumento de que nomes não se devem traduzir, mas sim transliterar. 

Lembrando que tradução é simplesmente a transposição de uma composição literária de uma língua para outra. Já a transliteração é a versão das letras de um texto em certa língua para as letras correspondentes de outra língua, isto é, fazer corresponder letras que tenham o mesmo som. Este procedimento é interessante e correto, e por vezes é utilizado nas traduções da Bíblia.

Mas mesmo este argumento pode ser questionado. Por exemplo, não deveríamos chamar Deus de Deus, e sim de Yhvh (como é que se pronuncia isso?), que é uma transliteração do tetragrama hebraico. A substituição por Adonay, porém, fez com que a pronúncia de Yhvh se perdesse no tempo, e o que conhecemos hoje por Jeová é também uma tentativa de traduzir este vocábulo, mas não significa que está correto também.

Neste ponto, muitos estão se perguntando qual seria a tradução correta do nome Yehôshua ou Yeshua para a língua portuguesa? Na realidade nomes próprios "geralmente" não se traduzem, mas se transliteram conforme a índole de cada língua. Os nomes Eva, David e outros que levam a letra w wav, "v" em hebraico aparecem como Eua, Dauid, nos textos gregos. No grego moderno a letra b beta b na antiguidade", hoje é v. Hoje se escreve Dabid para David e Eba para Eva.

Não se traduz Bill Gates (do inglês) para Guilherme Portões em português. Também não se traduz Michael Jackson para Miguel Filho de Jacó. Também é errado simplesmente escrever um nome em português da forma como ouvimos em inglês: "Maicou Djéquisson", por exemplo, seria uma esquisitice sem tamanho! O nome deve ser mantido na forma como se escreve no original e, na medida do possível, deve-se manter a pronúncia da língua original.


Exceções à Regra

Então isto significa que quando formos escrever o nome do Salvador devemos simplesmente escrever Yeshuah? É lógico que não! Quando a língua original do nome próprio usar um conjunto de caracteres diferente do nosso, então se processa o que chamamos de transliteração. 

Transliteração, como vimos acima, é a "tradução" letra por letra (ou fonema por fonema) de um conjunto de caracteres para outro. Idiomas como o inglês, espanhol, francês e italiano usam o mesmo conjunto de caracteres que o português (A, B, C, D etc...), portanto não há transliteração entre palavras destes idiomas; mas idiomas como o hebraico, árabe, japonês e grego usam outros conjuntos de caracteres. Nestes casos utilizamos a transliteração para podermos representar em nosso conjunto de caracteres nomes próprios escritos originalmente em outro conjunto de caracteres.

As regras de transliteração não são complicadas. Vamos tomar como exemplo o conjunto de caracteres gregos: a (alfa), ß (beta), ? (gama), d (delta), e assim por diante. Numa transliteração de nomes escritos com caracteres gregos, cada letra grega é substituída por uma letra do conjunto de caracteres latinos. Por exemplo, a letra a (alfa) seria transliterada para a letra "A", a letra ß (beta) seria transliterada para a letra B, e assim por diante. 

Há nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não são todos. Como já dissemos, nome próprio geralmente não se traduz; mas às vezes, sim. E o nosso maior exemplo vem justamente da Bíblia Sagrada. Foi o que aconteceu com Simão, a quem Jesus disse: "O seu nome é Simão... de agora em diante o seu nome será Cefas (que quer dizer Pedro)" (João 1.42). Cefas é palavra aramaica que quer dizer "pedra". Pedro é em grego Petros, que quer dizer "pedra". E esse nome, resultado de tradução e não de transliteração, foi o que se tornou mais comum, e baseado nele foi que Jesus construiu o trocadilho registrado em Mateus 16.18.


Exemplos clássicos: 

João - O nome "João", por exemplo é Yohanan, em hebraico; Ioannes, em grego; John, em inglês; Jean, em francês; Giovani, em italiano, Juan, em espanhol; Johannes, em alemão. 

Jacó - Jacó, em hebraico é Yaakov; Iakobo (Tiago), em grego; Jacques, em francês; Giácomo, em italiano; Jacob, em inglês. 

Todavia, há nomes que mudam substancialmente de uma língua para outra. Eliazar, em hebraico, é Lázaro em grego. Elisabete é a forma hebraica do nome grego Isabel.

O argumento, portanto, de que todo nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas é inconsistente, sem apoio bíblico.

Daí notamos que o nome "Jesus" é resultado da transliteração pura e simples do original grego Iesous (pronuncia-se Iesus), contradizendo a hipótese de que o nome "Jesus" originou-se através de uma tentativa mal intencionada dos papas de blasfemar do nome do Salvador.

Para definitivamente remover qualquer dúvida sobre o assunto, basta consultar a versão Septuaginta (LXX), uma tradução do Velho Testamento feita por setenta (?) mestres judeus no segundo século antes de Cristo. Eles traduziram o Velho Testamento do hebraico para o grego a fim de atingir os judeus da dispersão (lembre-se que o grego era a língua mais falada no império Romano). Nesta versão o nome de Josué, que em hebraico se escreve Yehôshua', ou em sua forma abreviada Yeshuah, foi transliterado para o grego exatamente da mesma forma que o nome de Jesus no Novo Testamento.


Trecho do Livro de Josué 1:10-12 na Septuaginta

Os sábios judeus transliteraram a letra hebraica ? (shin) para a letra grega s (sigma). A transliteração de "shin" para "sigma" foi feita em outros casos. Veja a tabela abaixo:

NOME EM PORTUGUÊS NO HEBRAICO
TRANSLITERAÇÃO NA LXX
TRANSLITERAÇÃO PARA CARACTERES LATINOS
Esaú (`Esav)
esan
Esau
Sete (Shen)
shq
Seth
Moisés (Mosheh)
mwushs
Moises
Isaías (Yeshayah)
hsaias
Esaias
Oséias (Howshea)
wshe
Hosee


É importante ressaltar que na transliteração de um conjunto de caracteres para outro, nem sempre a pronúncia original é mantida. Isto ocorre porque nem todos os fonemas de um idioma têm representação gráfica e podem ser devidamente pronunciados em outro idioma.

Da análise destes fatos concluímos que a forma Iesus ou Jesus é totalmente adequada para nos referirmos ao nosso Salvador e nada há de blasfêmia colocada por Jerônimo. Até hoje existem palavras em português que não tem tradução em Inglês. Por exemplo as palavras: saudade, feijoada, brigadeiro, salgado, corte de carne etc... precisam ser parafraseadas em inglês.

Finalmente, o Movimento do Nome Yehoshuah tem uma antropologia distorcida. Na Bíblia, o nome é como um sinônimo da própria pessoa. A pessoa é o que é, e não deixa de o ser se seu nome for traduzido ou transliterado para outra língua. Saulo de Tarso não mudou quando foi chamado de Paulo. Simão não deixou de ser o que era quando foi chamado por Jesus de Pedro. Ademais, o nome Josué (equivalente hebraico do nome Jesus - o Novo Testamento grego não distingue entre Josué e Jesus) aparece como Jeshua cerca de 29 vezes nos livros de Crônicas, Esdras e Neemias (incluindo Ed 5.2 em aramaico), assim como Jehoshuah aparece cerca de doze vezes em Ageu e Zacarias. Muitas vezes esses dois nomes se referem à mesma pessoa, o filho de Jozadaque.

"JESUS OU IESHUA"?



            As explicações da Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da SBB sobre o nome “Jesus”, tema que vem despertando dúvidas em vários leitores.

 Pergunta:

 Tem fundamento a afirmativa de que o nome de Jesus é de origem grega e não hebraica?

 Resposta:

Não, não tem. Esse nome transliterado para o grego como Iesous, é hebraico e vem de Ieshua” (as aspas representam a letra hebraica ayin). A forma plena da palavra é Yehoshua”, que, a partir do cativeiro, passou a dar lugar, à forma mais abreviada Ieshua”.

            Até o começo do segundo século d.C. Iesous (Ieshua”) era um nome muito comum entre os judeus. Na Septuaginta, versão do Antigo Testamento que os judeus fizeram entre os anos 285 e 150 a.C., do hebraico para o grego, o nome Iesous aparece para referir-se tanto a Josué (quatro indivíduos) como aos oito Jesua mencionados em Esdras e Neemias.

            Iesous não é nome de nenhum deus da mitologia grega, tanto que não aparece em nenhum clássico grego. Ver, por exemplo, o Dictionaire Grec-Français, de C. Alexandre, que, no apêndice de nomes históricos, mitológicos e geográficos, traz no verbete Iesous apenas o seguinte: “Jesus, nome hebraico”.

 Pergunta:

 Como o nome Yehoshua” se tornou Jesus?

 Resposta:

Já vimos que o vocábulo Jesus não se deriva diretamente de Yehoshua”, mas da forma abreviada Ieshua”, através do grego e do latim. A letra j inicial se explica da seguinte forma: os judeus da Dispersão, empenhados em traduzir as Escrituras do hebraico para o grego (a Septuaginta), não encontraram nessa língua uma consoante correspondente no hebraico. A solução, então, foi recorrer à vogal grega iota, que corresponde ao nosso i. Então escreveram Ieremias, começando com i, e assim por diante, inclusive Iesous.

            Mas como foi que esse i se tornou j? Foi através do latim, que deu origem às línguas neolatinas, entre as quais está o português. No latim posterior à Idade Média, começou a aparecer na escrita a distinção que já existia na pronúncia entre i vogal e i consoante, o qual passou a ser grafado como j. Por isso, o Dicionário Latino-Português, de Santos Saraiva, traz verbetes como estes: Iesus ou Jesus; Ieremias ver Jeremias.

            Agora a explicação para o s médio de Jesus. No vocábulo hebraico Ieshua” o grupo sh representa a consoante shin. Por não haver em grego som correspondente a essa consoante fricativa palatal (que soa como a letra x em “eixo”), os judeus a substituíram por sigma, também fricativa mas linguodental (que em grego, mesmo entre as vogais, soa como nosso ss). O ditongo grego ou soa u.

            O aparecimento do s final do nome Jesus se explica pela necessidade de tornar esse nome declinável: os judeus substituíram a letra ayin final pela letra sigma (o s do grego) do caso nominativo. Nos outros casos a palavra se declina assim: Iesou (genitivo), Iesoi (dativo), Iesoun (acusativo) e Iesou (vocativo). Com isso, foram resolvidos dois problemas de uma só vez: o nome ficou declinável, e o ayin final, que não tem equivalente em grego, foi substituído por um sigma (letra s).

            Fato semelhante se deu com Judas, que reflete a forma grega Ioudas, que em hebraico é Yehudah (Judá). Outros nomes hebraicos que terminam com a gutural “he” tem em grego, em latim e em português o som s: Isaías, Jeremias, Josias e Sofonias. Outro exemplo é o vocábulo Mashiac, que termina com a gutural sonora cheth (ch), a qual em grego, em latim e em português deu lugar ao som de s: Messias.

            A evolução do termo de uma língua para outra é a seguinte: Ieshua” (hebraico) > Iesous (grego) > Jesus (latim) > Jesus (português).

Artigo extraído da revista “A Bíblia no Brasil” edição de julho a dezembro de 1.995 - página 27.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que é que tem



O que é que tem é que se você não perceber os primeiros sintomas da frieza ou fraqueza espiritual, você estará, em breve, morto espiritualmente. Morto! Creio que o inimigo tem trabalhado para manter muitos cristãos sem enxergar os sintomas, tem mantido a igreja apática, tem produzido um estado de letargia e nós vamos nos acostumando com essa vida mais ou menos, morna. Em II Pedro 2: 19b-21, diz: “pois o homem é escravo daquilo que o domina. Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se novamente a elas enredados e por ela dominados, estão em pior estado do que no início. 


Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de terem conhecido, voltarem às costas para o santo mandamento que lhes foi transmitido.” O que acontece é que, aos poucos, ficamos com nossa mente cauterizada para o pecado, por que nos acostumamos, torna-se hábito. Em Tiago 1: 14,15 – “Cada um, porém é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido dá a luz o pecado, e o pecado após ser consumado gera a morte.”


Para um cristão viver em retidão nos dias de hoje tem sido muito difícil, mas não é impossível! Embora acreditemos que os apelos hoje são maiores, na velha aliança era muito pior, não havia o sacrifício de Jesus nem sua intercessão e advocacia por nós, nem mesmo o Espírito Santo para ajudar constantemente. Eles só contavam consigo mesmos. Pobre ser humano! O problema hoje, na verdade, não é ser cristão, é permanecer cristão. E entenda definitivamente irmão, isso não é esforço pessoal, não mesmo! Não conseguimos sozinhos. Não podemos aumentar nem um só dia em nossas vidas. Sem Ele nada podemos fazer! É graça de Deus, é intimidade com Ele, é busca constante, é amor verdadeiro por ele. Quando amamos alguém não queremos desapontá-lo, não queremos entristecê-lo. A nossa parte é reconhecer os nossos erros, omissões e frieza espiritual e buscar beber diretamente da fonte. Humilhar-nos diante de quem pode transformar todas as coisas e dizer que precisamos de ajuda, urgente! Não há ninguém neste mundo, por mais apaixonado que estejamos por essa pessoa, capaz de suprir as nossas necessidades. 


Precisamos entender a necessidade de existirem regras de certo e errado para nos guiar e, claro, vinda de alguém que comporta em si toda a sabedoria – Deus. Ele criou a vida, portanto, Ele é sabedor de como vivê-la de maneira feliz. Quem não possui regras externas a si, se torna Deus de si mesmo e, por isso, cria suas próprias regras e quando resolve não as seguir, muda tudo.
Ele acaba se deixando envolver com as coisas do mundo. Tudo é vão. Tiago 4: 4-6 diz: “Adúlteros, vocês não sabem que amizade com o mundo inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus. Ou vocês acham que é sem razão que as escrituras dizem que o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes?”


Estamos vivendo, sem dúvida, a igreja de Laodicéia. Encontramos em Apocalipse 3:15-21 sobre esta igreja: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”


Deus nos chama para a Santificação, sem a qual NINGUÉM verá ao Senhor. Santificar-se é separar-se desse mundo mesmo. É viver com certeza uma vida radical. Jesus foi radical sobre ser santo. Ele foi totalmente separado, santo, imaculado e sem nenhum pecado. Ele é o nosso espelho e ao mesmo tempo nosso refúgio e fonte de transformação. Deus sempre nos dá o escape, o antídoto na Palavra dEle.

Os principais sintomas da frieza espiritual são:


-Falar a frase “o que é que tem?” com certa frequência;
-Desmotivação para ler a palavra de Deus;
-Passar dias sem orar ou só orar em grupo, não conseguindo estabelecer um relacionamento você e Deus;
-Dificuldade de frequentar com constância uma igreja;
-Dificuldade de fazer/ manter amizades verdadeiras com cristãos, manter apenas relações superficiais ou somente ter amigos descrentes;
-Ser extremamente generoso consigo mesmo e quase nunca com os outros;
-Proferir palavras torpes com certa frequência;
-Passar mais horas no computador vendo bobagem  do que em sintonia com Deus, nem digo TV porque cristão que assisti TV não esta frio está sim morto espiritualmente;
-Apreciar a pregação na igreja, mas não conseguir colocá-la em prática na vida cotidiana;
-Sentir desejo de vez em quando de fazer as coisas que fazia antes de ser cristão;
-Não ver importancia na Santa Ceia.
-Dar desculpas para assistir um pouco de TV.
-Se vestir com sensualidade,roupas curtas,apertadas e transparentes.(Pois devemos ser santos tanto no interior ,como no exterior).

Sentiu-se de certa forma desconfortável ou se identificou com esses sintomas? Lembre-se que isso não é para você se sentir em condenação, mas para a glória de Deus permanecer em sua vida! Arrependa-se e confesse agora cada sintoma desses diante do Senhor. João 15:4 afirma: “Se permanecerdes em mim, eu permanecerei em vós”. Quando os sintomas forem notados por você, então imediatamente: “Submetam-se a Deus (se submetendo totalmente, desesperadamente, constantemente, seja guiado) resistam ao diabo e ele fugirá de vós. Aproximem-se de Deus e Ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês que tem a mente dividida, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor e Ele os exaltará!”


O que é que essa palavra tem?


-VIDA, pois é somente assim que voce podera guarda o que tem para não perde a sua coroa.e permanece na porta estreita.e ser arrebatado.

Fé e para ser salvo e Obediencia para permanecer salvo.