terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Dízimo um ato de obediência a palavra de DEUS




É verdade que Cristo é “o fim da lei para a justificação de todo aquele que crê” (Rm.10:4). Isso poucos discutem, pois a Escritura é nítida em afirmar que “não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm.6:14), que “se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl.5:18), porque Cristo “envelheceu a primeira aliança” (Hb.8:8), e “o que foi tornado velho está perto de se acabar” (Hb.8:8). Jesus Cristo, ao morrer na cruz, “aboliu em sua carne a lei dos mandamentos expressa na forma de ordenanças” (Ef.2:14,15), para que sejamos “ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2Co.3:6).

Porém, se de um lado a lei foi cumprida em Cristo, por outro lado é evidente que existem coisas da antiga aliança que passaram também para a nova aliança, sem serem abolidas. Se não fosse assim, jamais poderíamos ter um só Deus, amá-lo acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, não cobiçarmos a mulher do próximo, não adulterarmos, não roubarmos, não fazermos imagens de escultura, sermos santos como Ele é santo... pois todas essas coisas estavam na lei, e nem por isso deixamos de considerar princípios verdadeiros e legítimos, vigentes até os nossos dias.

Então, a questão que fica é: O dízimo “morreu” na antiga aliança, ou passou também para a nova? Sabemos que alguns “princípios fracos e elementares” (Gl.4:9) morreram, tais como as regras relativas a “comer e beber, ou os dias de festa, ou lua nova, ou sábados, que eram sombras de coisas futuras, mas a realidade é Cristo” (Cl.2:16,17). Mas certos princípios permaneceram também para a nova aliança. O Senhor Jesus descreveu alguns destes princípios em Mateus 23:23, que analisaremos a seguir.


PRINCÍPIOS QUE PERMANECEM NA NOVA ALIANÇA

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas” (Mateus 23:23)

Note que Jesus aqui lista para os fariseus alguns destes princípios que permanecem com Cristo na nova aliança. Ele cita a justiça, a misericórdia e a fé como três destes princípios. Porém, note uma coisa muito importante que ele afirma na sequencia: “...estas coisas devíeis fazer, sem omitir aquelas” (v.23). Sem omitir aquelas! Qual era essas coisas que eles não deveriam omitir? O começo do verso afirma claramente sobre isso: o dízimo.

Em outras palavras, Jesus estava dizendo que os fariseus deveriam praticar os maiores princípios que permaneceriam na nova aliança (como a justiça, a misericórdia e a fé), mas não omitir os outros princípios menores (como o dízimo). É evidente que Jesus está colocando a justiça, misericórdia e fé acima do dízimo, mas ele também diz que não podemos omitir o dízimo, assim como não devemos omitir aqueles outros três preceitos.

Você poderia argumentar: “Mas eu pratico os preceitos maiores – a justiça, a misericórdia e a fé – e deixo de praticar os menores – como o dízimo. Já que eu pratico os maiores e deixo os menores de lado, então eu acho que estou bem assim”! Não, infelizmente não está. Isso porque o Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou que não devemos apenas ser fieis no muito, mas também no pouco:

“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito” (Lucas 16:10)

Isso significa que se você é infiel no princípio menor que Cristo abordou em Mateus 23:23 (o dízimo), você não vai conseguir ser fiel nos princípios maiores (a justiça, a misericórdia e o amor). Afinal, se nem sequer no pouco (princípios menores na nova aliança) você é fiel, como irá ser no muito (i.e, nos preceitos mais importantes)? Não tem jeito. Jesus diz que se você é infiel ou desonesto no pouco, será infiel e desonesto no muito também.

Ele prova a nossa fé com uma quantia tão pequena como é o dízimo (10%), pois se não formos capaz nem sequer de darmos 10% de nossas finanças para Deus, como seremos capaz de rendermos 100% em nossa justiça, misericórdia e fé nEle?

Alguém poderia argumentar também: “Calma aí, Lucas. Você está vendo que Jesus estava falando com os fariseus neste versículo. Então essa passagem não se aplica a mim e a você”! Infelizmente existem pessoas que chegam ao cúmulo de argumentarem desta maneira! O problema em tal raciocínio é simplesmente que, se fosse assim, deveríamos corrigir (mutilar) a Bíblia inteira, pois este jamais foi um critério de exegese aplicável.

Por exemplo, os maiores ensinamentos registrados na Bíblia se encontram no Sermão do Monte que Cristo pregou, em Mateus 5-7. Porém, se analisarmos cuidadosamente, veremos que ele estava dizendo a uma multidão de judeus. Quer dizer, então, que o Sermão do Monte só valia para os judeus do século I, mas não vale para gentios (como eu e você) do século atual? É claro que não. A verdade é que o princípio que se aplicava a eles é aplicável a nós também. Jesus não estava pregando uma pegadinha nos fariseus, mas ensinamendo algo válido também a todos nós.

Pense no que essa intepretação acarretaria de “bom” para a doutrina cristã. Usando a mesma lógica de que Jesus falou aos fariseus então só eles devem dar o dízimo, nós deveríamos presumir também que o que Paulo escreveu aos Coríntios só vale para os coríntios, que o que Paulo escreveu aos Gálatas só vale aos Gálatas, que o que Paulo escreveu aos Romanos só vale aos romanos, que o autor de Hebreus não tinha nenhum apreço por aqueles que não eram hebreus e que pelo fato de Pedro ter escrito “aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia” (1Pe.1:1), significa então que se eu não sou destas províncias da Ásia, a mensagem não se aplica para mim!

Perceberam no que essa interpretação nos levaria a crer? Isso mesmo, que nada (absolutamente nada mesmo) valeria para os dias de hoje! É óbvio que isso não é um exemplo e exegese, mas sim de uma interpretação completamente tendenciosa, a tal ponto que eles não aplicam este mesmo critério nas outras ocasiões, mas apenas naquela específica do dízimo, só porque eles não querem dar o dízimo!

Aqueles que insistem que o dízimo “ficou no passado” à luz de Mt.23:23, terão por uma questão de coerência que dizer que a justiça, a misericórdia e a fé também “ficaram no passado”, já que elas são mencionadas exatamente no mesmo contexto para também não serem omitidas! À luz de tudo isso, fica claro que Jesus não estava querendo dizer que não é necessário, mas sim que ele “não deve ser omitido” (Mt.23:23; Lc.11:42).


A TIPOLOGIA ENTRE JESUS E MELQUISEDEQUE

Vale ressaltar que esta não foi a única situação em que vemos o dízimo presente no contexto da nova aliança. O autor de Hebreus traçou uma clara analogia entre o dízimo na antiga aliança e o dízimo na nova aliança, mostrando que o que os israelitas antes davam aos levitas, nós devemos dar a Cristo:

Hebreus 7
1 Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou;
2 e Abraão lhe deu o dízimo de tudo. Em primeiro lugar, seu nome significa "rei de justiça"; depois, "rei de Salém" quer dizer "rei de paz".
3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.
4 Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos!
5 A lei requer dos sacerdotes dentre os descendentes de Levi que recebam o dízimo do povo, isto é, dos seus irmãos, embora estes sejam descendentes de Abraão.
6 Este homem, porém, que não pertencia à linhagem de Levi, recebeu os dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas.
7 Sem dúvida alguma, o inferior é abençoado pelo superior.
8 No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive.
9 Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão,
10 pois, quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda estava no corpo do seu antepassado.
11 Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (pois em sua vigência o povo recebeu a lei), por que haveria ainda necessidade de se levantar outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão?
12 Pois quando há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei.

Vamos analisar o contexto desta passagem mais cuidadosamente. Em primeiro lugar, o escritor de Hebreus faz uma analogia (uma tipologia) entre Cristo e Melquisedeque, que era “semelhante ao Filho de Deus... permanece sacerdote para sempre” (v.3). Então, ele afirma que Abraão lhe deu o dízimo (v.4), antes mesmo que os levitas recebessem o dízimo de acordo com a lei (vs.5,6). Então, ele afirma:

“No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive” (v.8)

Em outras palavras, no primeiro caso [na antiga aliança] quem recebia o dízimo eram homens mortais [os levitas], e hoje quem recebe os dízimos é aquele de quem se declara que vive [Jesus Cristo]. Jesus não recebe os dízimos através do sacerdócio levítico, mas através do sacerdócio de Melquisedeque. O autor explica que houve uma “mudança de sacerdócio” (v.12). O dízimo que antes era dado aos levitas, hoje damos a Cristo (v.8). Como é que isso acontece? Como é que Cristo pode receber hoje os nossos dízimos?

Ora, através de seu Corpo, que é a Igreja. A Igreja é o “Corpo de Cristo” (1Co.12:27) na terra. Nós herdamos o nosso nome – “cristãos” – de Cristo. Somos os “embaixadores de Cristo” (2Co.5:20) na terra e, assim como o antigo templo de Jerusalém precisava de mantimento, os templos atuais também necessitam dos dízimos, “para que haja mantimento na minha casa, diz o Senhor dos exércitos” (Ml.3:10).

Cristo recebe os dízimos através da Sua Igreja, que é o Seu Corpo. Da mesma forma que os israelitas contribuíam com pelo menos 10% de sua renda para o mantimento da casa de Deus, devemos contribuir com pelo menos 10% de nossa renda para que a Igreja avance, cresça, multiplique-se e se estabeleça sobre a terra.

À luz do que vimos acima (lembre-se de que eu fiz questão de abordar apenas passagens do NT, para não deixar margens àqueles que dizem que o NT não apoia o dízimo) fica muito claro que Jesus, cujo sacerdócio é permanente, deve receber os dízimos através da Sua Igreja. Ele afirmou aos fariseus (e o ensino vale também a nós) que o dízimo não pode ser omitido.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Nosso tesouro esta no céu


Em relação ao jogo, por obedecer à Palavra de Deus, o cristão tem uma conduta ou comportamento coerentes à sua fidelidade a Deus.
A – Reprovação e abstinência
O jogo não faz parte da conduta cristã, pois o servo de Deus possui conhecimento que o capacita a agir dentro da coerência cristã, apegando-se ao que é nobre e se abstendo do pernicioso e reprovável, (I Ts. 5:21).
Eis o alvo divino para o cristão: ter pleno co­nhecimento e toda a percepção, aprovando as coisas excelentes, sendo sincero e inculpável para com Je­sus, (Fp. 1:9-10), não sendo cúmplice nas obras in­frutíferas das trevas, antes porém reprovando-as, (Ef. 5:11), abstendo-se de toda forma de mal, (ITs. 5:22).
Sendo assim, o cristão com conhecimento e percepção dados por Deus, avalia o jogo na sua es­sência, entendendo que nele não há nada de excelente e decide reprová-lo; não o pratica nem se torna cúm­plice em nenhum envolvimento com ele, estando ci­ente de que o jogo é um mal e, uma vez que quer ser sincero e inculpável perante Jesus se abstêm de tudo o que Lhe desagrada.
É com essa coerência cristã que o servo de Deus vive: obedece e agrada ao Senhor na obediência aos mandamentos divinos, e reprova e se abstêm do mal que Ele abomina.
B – Trabalho nobre
O cristão não aposta, não se envolve com o jogo, não espera ociosamente pela sorte; pelo contra­rio, sua vida é de esforço para obter sua subsistência, trabalhando dignamente, obedecendo o ensino divino a esse respeito: Deus nos ordena trabalhar seis dias da semana cumprindo cabalmente nossas tarefas, (Ex. 20:9). Desde o começo foi assim, pois a Adão esta­vam confiados o preparo e o cultivo da terra, (Gn. 2:5,15) e isso antes da queda, pois o trabalho não é castigo e sim ordenança divina. E a todos nós se apli­ca a Palavra de Deus a Adão, de que devemos obter o nosso pão com suor, esforço, (Gn. 3:19).
Deus quer que vivamos com dignidade, traba­lhando com as próprias mãos, cuidando do que é nos­so, de forma a estarmos supridos, (I Ts. 4:11-12); que do fruto do nosso trabalho digno tenhamos con­dições até de acudir ao necessitado, (Ef. 4:28). A or­dem do Senhor nesse aspecto é tão séria, exigindo de cada um a responsabilidade pelo seu sustento oriun­do do trabalho, que declara que se alguém recusa tra­balhar que então fique sem o próprio alimento, (II Ts. 3:10), isto é: Deus requer de cada um o exercício do trabalho e que viva do fruto dele.
Infelizmente muitos vivem na ociosidade, sem­pre achando impróprio ou impossível fazer alguma coisa – esses nada realizam e nada têm, (Ec. 11:4); (Pv. 6:9-11); pois “a sonolência/inatividade, vesti­rá de trapos o homem ” (Pv. 23:21).
Contudo, os que temem ao Senhor são bem aventurados, do trabalho de suas mãos têm seu sus­tento, sendo felizes, realizados, (Sl. 128:1-2); (Ec. 5:18); tendo sono sereno e agradável, (Ec. 5:12), e até enquanto dormem, o Senhor lhes providencia o sustento, (Sl. 127:2b), pois Deus confirma a obra das mãos dos que O acatam, (Sl. 90:17), realidade essa reconhecida até pelo Diabo, pois declarou isso a Deus em relação à bênção divina sobre a obra das mãos de Jó, (Jó 1:10).
Os amantes do jogo não são assim, antes pre­ferem esperar pela sorte, desobedecendo a Deus no que diz respeito ao trabalho. O cristão confia no Se­nhor, obedecendo o que Ele ordena sobre a dignidade do trabalho, desempenhando funções desde as mais simples até as mais especializadas, mas todas dentro da dignidade cristã. Enquanto os amantes do jogo apostam e esperam pela sorte, o cristão crê e espera no Senhor, trabalhando dignamente. “O que lavra a sua terra será farto de pão, mas o que corre atrás de coisas vãs é falto de senso. ” (Pv. 12:11)
C – Vida modesta
Outra razão pela qual o cristão não aposta na “Sorte Grande” “é porque vive satisfeito com o que Deus lhe concede pelos meios da honra e honestida­de, sabendo que “a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui, ” sendo pre­cavido contra “toda e qualquer avareza ” (conforme determinou Jesus, (Lc. 12:15).
A avareza/cobiça não convém ao cristão, (Ef. 5:3); se torna uma idolatria, (Cl. 3:5); pois muitos colocam seu coração nos bens materiais, fazendo de­les o seu tesouro, (Mt 6:21).
A riqueza não traz estabilidade e não se deve depositar confiança nela, (I Tm. 6:17-19) e os que só se empenham pelo dinheiro não podem servir a Deus e sofrem muitos males: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruina e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se ator­mentaram com muitas dores. ” (I Tm 6:9-10).
E essas dores e males são diversos: a começar, “…a fartura do rico não o deixa dormir, ” (Ec.5:12).
“Quem confia nas riquezas cairá”; “…o que se apressa a enriquecer não passará sem castigo “;“aquele que tem olhos invejosos corre atrás das ri­quezas, mas não sabe que há de vir sobre ele a pe­núria”;(Pv.11:28; 28:20,22).
E por fim a tragédia maior que é o perigo de se desviar ao Senhor Deus, não estar no seu reino, (Ef.5:5). Por essa razão os piedosos sempre são pre­cavidos no trato com os bens materiais, (Sl. 62:10b; Jó31:24,25,28ePv. 30: 8-9).
Ao cristão convém a modéstia: vida sem ava­reza contentando-se com o que tem, pois Deus cuida dos seus, (Hb. 13:5). “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada te­mos trazido para o mundo, nem coisa alguma pode­mos levar dele; tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. ” (I Tm. 6. 6-8).
Essa é a experiência do cristão: está feliz , re­alizado no Senhor, usufruindo do que Deus lhe dá, sem lançar mão do jogo que promete grandes prêmios. Na modéstia cristã o servo de Deus está plenamente su­prido. Apostar na sorte e desejar uma grande premiação é conduta dos que estão insatisfeitos, sem realização verdadeira, e que pensam que a vida con­siste na abundância de bens. O aparentemente pouco do cristão modesto é o tudo que lhe realiza, pois é o que Deus lhe concedeu no caminho da dignidade.
D – Empenho pela realidade celestial
Ainda outra razão tem o cristão para despre­zar o jogo: está empenhado com as realidades celesti­ais.
Essas realidades celestiais estão reservadas pelo Senhor para todos os seus, e obviamente o cristão se empenha por elas, para já desfrutar aspectos delas aqui na terra e aguardar pela vivência plena das mes­mas na eternidade. Esse zelo leva o cristão a não de­sejar o muito na vida terrena, pois receia que esse muito o desvie do Senhor, (Pv. 30:8-9) pois está avi­sado de que o empenho pela riqueza terrena conduz à ruinas irreparáveis (I Tm. 6:9-10).
Ora, levando-se em conta que tudo o que exis­te no mundo físico é passageiro e está destinado à destruição no último dia, (II Pe. 3:7,10-12) – para que se preocupar apenas com as coisas terrenas, (Fp.3:19b)?
O Senhor nos ordena a pensar e a nos empe­nharmos pelas realidades celestiais (Cl. 3:2-4; Mt. 6:19-21), “pois a nossa Pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo;” “Nós porém, segundo a sua promessa es­peramos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (Fp. 3:20; II Pe. 3: 13.) Nessa perspectiva cristã o servo de Deus vive fascinado com a realidade celestial.
O jogo com seus prometidos prêmios em nada combina com essa visão cristã, antes perturba e até impede essa sublime experiência, pois leva o apostador a se empenhar e fixar tanto nas coisas terrenas que se esquece da realidade Celestial.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

JESUS OU "YAHOSHUAH"



Nomes próprios não se traduzem?

Essa "tradução" é questionada, com o argumento de que nomes não se devem traduzir, mas sim transliterar. 

Lembrando que tradução é simplesmente a transposição de uma composição literária de uma língua para outra. Já a transliteração é a versão das letras de um texto em certa língua para as letras correspondentes de outra língua, isto é, fazer corresponder letras que tenham o mesmo som. Este procedimento é interessante e correto, e por vezes é utilizado nas traduções da Bíblia.

Mas mesmo este argumento pode ser questionado. Por exemplo, não deveríamos chamar Deus de Deus, e sim de Yhvh (como é que se pronuncia isso?), que é uma transliteração do tetragrama hebraico. A substituição por Adonay, porém, fez com que a pronúncia de Yhvh se perdesse no tempo, e o que conhecemos hoje por Jeová é também uma tentativa de traduzir este vocábulo, mas não significa que está correto também.

Neste ponto, muitos estão se perguntando qual seria a tradução correta do nome Yehôshua ou Yeshua para a língua portuguesa? Na realidade nomes próprios "geralmente" não se traduzem, mas se transliteram conforme a índole de cada língua. Os nomes Eva, David e outros que levam a letra w wav, "v" em hebraico aparecem como Eua, Dauid, nos textos gregos. No grego moderno a letra b beta b na antiguidade", hoje é v. Hoje se escreve Dabid para David e Eba para Eva.

Não se traduz Bill Gates (do inglês) para Guilherme Portões em português. Também não se traduz Michael Jackson para Miguel Filho de Jacó. Também é errado simplesmente escrever um nome em português da forma como ouvimos em inglês: "Maicou Djéquisson", por exemplo, seria uma esquisitice sem tamanho! O nome deve ser mantido na forma como se escreve no original e, na medida do possível, deve-se manter a pronúncia da língua original.


Exceções à Regra

Então isto significa que quando formos escrever o nome do Salvador devemos simplesmente escrever Yeshuah? É lógico que não! Quando a língua original do nome próprio usar um conjunto de caracteres diferente do nosso, então se processa o que chamamos de transliteração. 

Transliteração, como vimos acima, é a "tradução" letra por letra (ou fonema por fonema) de um conjunto de caracteres para outro. Idiomas como o inglês, espanhol, francês e italiano usam o mesmo conjunto de caracteres que o português (A, B, C, D etc...), portanto não há transliteração entre palavras destes idiomas; mas idiomas como o hebraico, árabe, japonês e grego usam outros conjuntos de caracteres. Nestes casos utilizamos a transliteração para podermos representar em nosso conjunto de caracteres nomes próprios escritos originalmente em outro conjunto de caracteres.

As regras de transliteração não são complicadas. Vamos tomar como exemplo o conjunto de caracteres gregos: a (alfa), ß (beta), ? (gama), d (delta), e assim por diante. Numa transliteração de nomes escritos com caracteres gregos, cada letra grega é substituída por uma letra do conjunto de caracteres latinos. Por exemplo, a letra a (alfa) seria transliterada para a letra "A", a letra ß (beta) seria transliterada para a letra B, e assim por diante. 

Há nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não são todos. Como já dissemos, nome próprio geralmente não se traduz; mas às vezes, sim. E o nosso maior exemplo vem justamente da Bíblia Sagrada. Foi o que aconteceu com Simão, a quem Jesus disse: "O seu nome é Simão... de agora em diante o seu nome será Cefas (que quer dizer Pedro)" (João 1.42). Cefas é palavra aramaica que quer dizer "pedra". Pedro é em grego Petros, que quer dizer "pedra". E esse nome, resultado de tradução e não de transliteração, foi o que se tornou mais comum, e baseado nele foi que Jesus construiu o trocadilho registrado em Mateus 16.18.


Exemplos clássicos: 

João - O nome "João", por exemplo é Yohanan, em hebraico; Ioannes, em grego; John, em inglês; Jean, em francês; Giovani, em italiano, Juan, em espanhol; Johannes, em alemão. 

Jacó - Jacó, em hebraico é Yaakov; Iakobo (Tiago), em grego; Jacques, em francês; Giácomo, em italiano; Jacob, em inglês. 

Todavia, há nomes que mudam substancialmente de uma língua para outra. Eliazar, em hebraico, é Lázaro em grego. Elisabete é a forma hebraica do nome grego Isabel.

O argumento, portanto, de que todo nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas é inconsistente, sem apoio bíblico.

Daí notamos que o nome "Jesus" é resultado da transliteração pura e simples do original grego Iesous (pronuncia-se Iesus), contradizendo a hipótese de que o nome "Jesus" originou-se através de uma tentativa mal intencionada dos papas de blasfemar do nome do Salvador.

Para definitivamente remover qualquer dúvida sobre o assunto, basta consultar a versão Septuaginta (LXX), uma tradução do Velho Testamento feita por setenta (?) mestres judeus no segundo século antes de Cristo. Eles traduziram o Velho Testamento do hebraico para o grego a fim de atingir os judeus da dispersão (lembre-se que o grego era a língua mais falada no império Romano). Nesta versão o nome de Josué, que em hebraico se escreve Yehôshua', ou em sua forma abreviada Yeshuah, foi transliterado para o grego exatamente da mesma forma que o nome de Jesus no Novo Testamento.


Trecho do Livro de Josué 1:10-12 na Septuaginta

Os sábios judeus transliteraram a letra hebraica ? (shin) para a letra grega s (sigma). A transliteração de "shin" para "sigma" foi feita em outros casos. Veja a tabela abaixo:

NOME EM PORTUGUÊS NO HEBRAICO
TRANSLITERAÇÃO NA LXX
TRANSLITERAÇÃO PARA CARACTERES LATINOS
Esaú (`Esav)
esan
Esau
Sete (Shen)
shq
Seth
Moisés (Mosheh)
mwushs
Moises
Isaías (Yeshayah)
hsaias
Esaias
Oséias (Howshea)
wshe
Hosee


É importante ressaltar que na transliteração de um conjunto de caracteres para outro, nem sempre a pronúncia original é mantida. Isto ocorre porque nem todos os fonemas de um idioma têm representação gráfica e podem ser devidamente pronunciados em outro idioma.

Da análise destes fatos concluímos que a forma Iesus ou Jesus é totalmente adequada para nos referirmos ao nosso Salvador e nada há de blasfêmia colocada por Jerônimo. Até hoje existem palavras em português que não tem tradução em Inglês. Por exemplo as palavras: saudade, feijoada, brigadeiro, salgado, corte de carne etc... precisam ser parafraseadas em inglês.

Finalmente, o Movimento do Nome Yehoshuah tem uma antropologia distorcida. Na Bíblia, o nome é como um sinônimo da própria pessoa. A pessoa é o que é, e não deixa de o ser se seu nome for traduzido ou transliterado para outra língua. Saulo de Tarso não mudou quando foi chamado de Paulo. Simão não deixou de ser o que era quando foi chamado por Jesus de Pedro. Ademais, o nome Josué (equivalente hebraico do nome Jesus - o Novo Testamento grego não distingue entre Josué e Jesus) aparece como Jeshua cerca de 29 vezes nos livros de Crônicas, Esdras e Neemias (incluindo Ed 5.2 em aramaico), assim como Jehoshuah aparece cerca de doze vezes em Ageu e Zacarias. Muitas vezes esses dois nomes se referem à mesma pessoa, o filho de Jozadaque.

"JESUS OU IESHUA"?



            As explicações da Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da SBB sobre o nome “Jesus”, tema que vem despertando dúvidas em vários leitores.

 Pergunta:

 Tem fundamento a afirmativa de que o nome de Jesus é de origem grega e não hebraica?

 Resposta:

Não, não tem. Esse nome transliterado para o grego como Iesous, é hebraico e vem de Ieshua” (as aspas representam a letra hebraica ayin). A forma plena da palavra é Yehoshua”, que, a partir do cativeiro, passou a dar lugar, à forma mais abreviada Ieshua”.

            Até o começo do segundo século d.C. Iesous (Ieshua”) era um nome muito comum entre os judeus. Na Septuaginta, versão do Antigo Testamento que os judeus fizeram entre os anos 285 e 150 a.C., do hebraico para o grego, o nome Iesous aparece para referir-se tanto a Josué (quatro indivíduos) como aos oito Jesua mencionados em Esdras e Neemias.

            Iesous não é nome de nenhum deus da mitologia grega, tanto que não aparece em nenhum clássico grego. Ver, por exemplo, o Dictionaire Grec-Français, de C. Alexandre, que, no apêndice de nomes históricos, mitológicos e geográficos, traz no verbete Iesous apenas o seguinte: “Jesus, nome hebraico”.

 Pergunta:

 Como o nome Yehoshua” se tornou Jesus?

 Resposta:

Já vimos que o vocábulo Jesus não se deriva diretamente de Yehoshua”, mas da forma abreviada Ieshua”, através do grego e do latim. A letra j inicial se explica da seguinte forma: os judeus da Dispersão, empenhados em traduzir as Escrituras do hebraico para o grego (a Septuaginta), não encontraram nessa língua uma consoante correspondente no hebraico. A solução, então, foi recorrer à vogal grega iota, que corresponde ao nosso i. Então escreveram Ieremias, começando com i, e assim por diante, inclusive Iesous.

            Mas como foi que esse i se tornou j? Foi através do latim, que deu origem às línguas neolatinas, entre as quais está o português. No latim posterior à Idade Média, começou a aparecer na escrita a distinção que já existia na pronúncia entre i vogal e i consoante, o qual passou a ser grafado como j. Por isso, o Dicionário Latino-Português, de Santos Saraiva, traz verbetes como estes: Iesus ou Jesus; Ieremias ver Jeremias.

            Agora a explicação para o s médio de Jesus. No vocábulo hebraico Ieshua” o grupo sh representa a consoante shin. Por não haver em grego som correspondente a essa consoante fricativa palatal (que soa como a letra x em “eixo”), os judeus a substituíram por sigma, também fricativa mas linguodental (que em grego, mesmo entre as vogais, soa como nosso ss). O ditongo grego ou soa u.

            O aparecimento do s final do nome Jesus se explica pela necessidade de tornar esse nome declinável: os judeus substituíram a letra ayin final pela letra sigma (o s do grego) do caso nominativo. Nos outros casos a palavra se declina assim: Iesou (genitivo), Iesoi (dativo), Iesoun (acusativo) e Iesou (vocativo). Com isso, foram resolvidos dois problemas de uma só vez: o nome ficou declinável, e o ayin final, que não tem equivalente em grego, foi substituído por um sigma (letra s).

            Fato semelhante se deu com Judas, que reflete a forma grega Ioudas, que em hebraico é Yehudah (Judá). Outros nomes hebraicos que terminam com a gutural “he” tem em grego, em latim e em português o som s: Isaías, Jeremias, Josias e Sofonias. Outro exemplo é o vocábulo Mashiac, que termina com a gutural sonora cheth (ch), a qual em grego, em latim e em português deu lugar ao som de s: Messias.

            A evolução do termo de uma língua para outra é a seguinte: Ieshua” (hebraico) > Iesous (grego) > Jesus (latim) > Jesus (português).

Artigo extraído da revista “A Bíblia no Brasil” edição de julho a dezembro de 1.995 - página 27.